domingo, 28 de janeiro de 2018

A PALAVRA QUE CONSOLA E ILUMINA AS TREVAS

Tanto a segunda leitura, como o Evangelho deste domingo são sequenciados com relação ao domingo passado; este, do Evangelho de São Marcos e aquela, da primeira Carta aos Coríntios. Assim, vale a pena recordar a última frase do Apóstolo Paulo da segunda leitura do domingo passado. São Paulo dizia: “A figura deste mundo passa.”
Esta mesma ideia perpassa a leitura deste dia. Quem quiser ter a clareza do que está no coração de Deus sobre o chamado a constituir uma família ou ser um celibatário por amor ao Senhor e ao seu Reino, deve ler e meditar o capítulo sete da Primeira Carta aos Coríntios.
Seja o matrimônio, seja a vida consagrada celibatária, para São Paulo, derivam de um mesmo chamado: a vocação celeste. Quem abraça o matrimônio deveria fazê-lo não porque lhe é mais cômodo, mas em vista de um carisma. São Paulo vai dizer claramente que preferiria que todos fossem como ele(celibatário), mas que cada um tem o seu “dom” ou “carisma” (Cf. 1 Cor 7, 7).
Quem quer, porém, ouvir a voz de Deus em sua vocação??? Moisés, na primeira leitura, diz claramente que o povo não queria ouvir a voz do Senhor a lhe falar diretamente, de forma que Deus promete um Profeta que falará de forma humana ao povo. Este profeta é o próprio Cristo.
O Cristo é a própria Palavra de Deus que, ouvida em Cafarnaum, que significa “local do consolo”, expulsa o espírito maligno.
Esse espírito maligno estava em um lugar meio estranho... num lugar onde não era de se esperar que ele estivesse: a sinagoga. Deveria ser um local de tranquilidade, de escuta da Palavra e da vontade de Deus. No entanto, baseado em outros textos, podemos dizer que um espírito mundano pairava no senso religioso do povo de Israel e até mesmo nos próprios Apóstolos antes de Pentecostes. Quando Jesus multiplicou os pães, o povo o queria fazer rei. Quando começou a falar do Pão Novo que dava a vida eterna, Nosso Senhor perdeu discípulos.
Mesmo depois que Nosso Senhor Morreu na Cruz e ressuscitou, os próprios Apóstolos perguntaram ao Senhor: “É agora que ides restaurar o Reino de Israel?”  Pão material, reino humano...
Não é o que constatamos hoje, infelizmente, em muitos cristãos? Buscam a bênção de Deus e não o Deus da bênção... Paga-se o dízimo porque deseja-se uma retribuição material imediata.  Faz-se novena para conseguir um namorado. Conseguido o namorado, não tenho mais tempo para o Senhor e para a Eucaristia. Faz-se novena para passar na faculdade. Entrando na faculdade, em vez de inflamar com o fogo da fé e do amor de Deus o ambiente universitário, se deixa a fé. Faz-se um ECC (Encontro de casais com Cristo) para restaurar a harmonia conjugal abalada. Conseguido isso, não se vai à Santa Missa nem se faz apostolado...
Uma religião intramundana e utilitarista...
Não é essa que São Paulo nos propõe. O Cristo, no “local da consolação” que é o que significa o nome “Cafarnaum”, quer ter um encontro pessoal conosco, pois foi também lá, que ele fez o seu discurso do Pão da vida. Foi lá, na cidade de Pedro, na mesma sinagoga em que ele expulsou esse demônio, que ele disse: “Eu sou o Pão vivo descido do Céu, quem comer deste pão viverá eternamente”. Que o Pão Vivo que é Cristo, que receberemos em instantes, nos leve  a não ter medo de escutar a voz de Deus a nosso respeito, como o Povo de Israel, e seja qual for o serviço ou o local em que a Divina Providência nos colocar, estejamos lá para buscar o “único necessário”: o Reino que não é daqui, mas que, a partir do coração reconciliado e inabitado pela Trindade, já começa aqui na prática do amor ao próximo.
Para partilhar: Nós buscamos a “bênção” de Deus ou o Deus da bênção. Qual a diferença?
Pe. Marcelo

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